Identidade (des)conhecida.

11.26.2006

Flagrante!

Mais tarde telefonei ao advogado e ele achou a história um pouco estranha e disse-me que quando me deu a notícia da cessação da contumácia fê-lo porque a senhora do tribunal lhe disse que já tinha enviado o documento para o registo criminal. Combinamos ele ligar para ela outra vez e depois dizer-me alguma coisa. Assim foi. Passado um bocado voltou a telefonar-me com a mesma informação: no tribunal a mesma senhora garantiu-lhe que ela própria tinha enviado a declaração da cessação da contumácia para o registo criminal e que pela data em que enviou, mesmo em correio normal, eles já tinham que ter recebido.
(Conforme o senhor do loja do cidadão me tinha dito quando estas cartas chegam ao Registo Criminal, se for no correio das 11 da manhã, por exemplo, eles inserem logo no computador e normalmente depois da hora de almoço já aparece nos computadores de todas as respectivas entidades a informação da cessação da contumácia. Garantiu-me que é esta é uma tarefa prioritária e rápida).
Mais estranha me pareceu a situação e eu disse-lhe que ía ao Registo Criminal tentar descobrir o que se estava a passar. Ele avisou-me que em último recurso eu podia ir ao tribunal e pedir uma 2.ª via (uma cópia) da cessação da contumácia e ir levar pessoalmente ao Registo Criminal.
Quando cheguei ao Registo Criminal só estava uma pessoa à minha frente e por isso fui rapidamente atendida. Expliquei a situação à senhora que me atendeu e perguntei-lhe se ela tinha a certeza de que o referido documento não tinha chegado. Ela disse-me que não mas de qualquer forma foi ao primeiro andar falar com a colega que trata do assunto e voltou com a confirmação que não tinha chegado nada até á data. Era impossível o tribunal ter enviado, disse ela. A senhora até foi muito simpática comigo. Ficou do lado de fora do balcão ainda durante um bocado a explicar-me como se desenrola o referido processo. Eu disse-lhe que ía ao tribunal e ela própria disse que faria o mesmo se estivesse no meu lugar.
Fui a correr para o tribunal. Assim que lá cheguei dirigi-me logo à mesma secção onde tinha estado da primeira vez. Atendeu-me uma senhora e assim que eu lhe disse o meu nome ela respondeu-me que já sabia qual era o assunto porque o meu advogado já lhe tinha telefonado 2 vezes e que ela já lhe tinha dito tudo. Entretanto desapareceu por uns momentos e voltou com uma cópia da declaração que mandou para o Registo Criminal no dia 08 ou seja há 12 dias atrás! Tinha que já ter chegado mesmo tendo ido em correio normal, disse ela. Bem, a forma como esta senhora falou e como procedeu deu-me a sensação de que me estava a dizer a verdade e eu mais uma vez voltei ao Registo Criminal mas desta vez super nervosa e pronta a explodir. Assim que entrei reparei que não estava lá a outra senhora e ainda enervei-me ainda mais ao ver esta cena: a funcionária que me ía atender tinha á sua frente um senhor, á espera que ela acabasse de ter uma conversa pessoal ao telefone, do trabalho, e ainda por cima uma conversa da treta. O tempo a passar e o senhor não dizia nada mas vi que também já se estava a enervar mas não reclamou. Pois é, na minha opinião é precisamente esse um dos problemas: é as pessoas nunca dizerem nada. Quando chegou a minha expliquei-lhe a situação e depois mostrei-lhe a declaração e perguntei-lhe como é que a colega dela teve a lata de me dizer que não tinham recebido nada?
A senhora que me atendeu veio de lá de dentro porque ouviu-me a dizer o nome dela e deu-se ali uma pequena discussão entre nós. Primeiro olharam para a cópia e disseram que era o original e que a tal senhora do tribunal tinha mentido. Depois lá se decidiram a telefonar para a tal colega que recebe o correio e confirmaram que afinal a declaração já tinha chegado.
Bem, a conclusão desta história é que alguém mentiu e mais uma vez lá estou eu a pagar por erros dos outros.
Assim, vim embora com a garantia de que nesse mesmo dia, mas mais tarde, já não estaria contumaz.
Será desta?