Identidade (des)conhecida.

11.19.2005

Começou logo mal:

Os meus pais casaram- se pelo Registo civil, na Juguslávia mais precisamente em Krusevac, na Sérvia, estava a minha mãe grávida de mim, de dois meses. Foram trabalhar para França e foi lá que eu nasci numa Maternidade em Paris onde deram aos meus pais uma declaração do meu Nascimento. Com este documento os meus pais deveriam ter ido a uma Conservatória do Registo Civil fazer o meu Registo para assim me ser atribuída uma Certidão de Nascimento. Eu não tenho a certeza disto mas acho que, para me registarem tinham que primeiro transcrever o casamento deles. Ora, se eles não o fizeram logo em França, ou foi por falta de dinheiro ou por já estarem decididos a vir viver para Portugal e assim pensavam tratar cá de tudo. Não sei....
Viemos viver para casa dos meus avós maternos e a minha mãe como era muito doente do coração acabou por morrer tinha eu 18 meses. O meu pai foi embora e deixou-me entregue aos meus avós.
O tempo foi passando e quando chegou a altura de eu entrar para a escola o meu avô começou a tratar dos papéis necessários para me matricular. Foi nessa altura que descobriu que os meus pais não tinham trascrito o casamento deles e que não me tinham registado também. O meu avô foi ao Tribunal de Menores onde foi aconselhado a meter um processo ao meu pai porque ele não só não aparecia para me ver, como nem para ajudar financeiramente e nem para tratar dos documentos. O meu pai só apareceu uma vez no Tribunal e foi para dizer que não queria que quando eu fizesse a maior idade, escolhesse a Nacionalidade Portuguesa e no que dependesse dele isso não ía acontecer. Ora a melhor maneira de o conseguir era não assinar nenhum documento nem tratar de nada que ajudasse a organizar a minha situação. Perante isto e como ele nunca mais voltou a aparecer, nomearam o meu avô meu tutor até eu completar a maior idade. Ele deu muitas voltas e gastou muito dinheiro com tudo isto mas conseguiu registar-me na Conservatória dos Registos Centrais. Deram - me então uma Certidão de Nascimento com base na tal Declaração da Maternidade, para assim o meu avô me poder tirar um Bilhete de Identidade.
Parecia até que as coisas se íam resolver! Eu iría ter um B.I. para poder matricular-me numa escola porque todas as crianças têm o direito à educação. Infelizmente para mim, ao cumprirem com este direito apenas camuflaram um problema que, por não ter sido resolvido logo ao início tornou-se numa bola de neve.

1 Comments:

  • Sugiro que escrevas para a Sic, para o Público e para mais alguns jornais a contar a tua situação. Normalmente os meios de comunicação são o melhor modo de agitar estes problemas e chegar a uma solução.

    By Blogger Vitorcostalima@gmail.com, at sábado, 19 novembro, 2005  

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